terça-feira, 12 de agosto de 2014

Proibido, trabalho infantil é flagrado em feiras livres em Sergipe

Até os 14 anos, o trabalho é proibido no Brasil. Mas nas feiras livres, eles são mão de obra frequente. Empacotam, negociam, ajudam no carregamento.
No Brasil, milhares de crianças e adolescentes com menos de 14 anos ainda dividem o tempo entre escola e trabalho, o que é proibido. Em Sergipe, um dos focos de trabalho infantil está nas feiras.

Nas feiras livres, eles são mão de obra frequente. Crianças empacotam e negociam. Ajudam no carregamento. Um menino que leva nas costas um lote de vassouras. Outro garoto, de 10 anos, começa cedo: "Eu vendo as frutas. No que for 11h, eu vou para casa. E depois minha mãe vem para a feira. Eu chego aqui 6h30. E tem vezes que eu atraso", contou.

Até os 14 anos de idade, o trabalho é proibido no Brasil. A partir dessa idade ele só é permitido na condição de aprendiz, e com supervisão. Mas de acordo com o IBGE, 878 mil crianças, dos 5 aos 14 anos trabalham no país. E 40% delas estão no Nordeste.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, só este ano, com a fiscalização, os flagrantes de trabalho infantil caíram 36% em quase oito meses, comparando com o mesmo período de 2011. A grande preocupação ainda é a atividade incentivada pela família, onde a fiscalização é muito difícil.

Segundo especialistas, o emprego pode impedir a educação e o desenvolvimento da criança.

“A partir do trabalho infantil é que vai ocasionando essa distorção de idade-série, a dificuldade de aprender, não acompanhar o ritmo da escola. Isso no final do ano leva a reprovação e, mais para a frente, essa distorça. E aí, a evasão”, disse Juliana Vieira Prado, pedagoga.

Dona Silene de Jesus trabalha ao lado da filha, de nove anos.

Silene de Jesus. feirante: Ela ‘despenica’ amendoim, ‘despenica’ feijão, debulha. Vem de madrugada, 2h com a gente. E a gente vende tudinho. Graças a Deus.
Repórter: Todos os filhos são assim?
Silene de Jesus: Todos. Todos os quatro.

De tão comum, o emprego de crianças se tornou aceitável para muita gente.

Repórter: O que acha disso?
Maria Lúcia da Conceição, aposentada: Eu acho bom. Ao menos a mãe está ensinando uma profissão boa.

"As pessoas não percebem o mal que estão fazendo. O mal para o qual estão contribuindo. Em relação a essas crianças e adolescentes, no desenvolvimento dessas crianças, na proteção dessas crianças. Não sabem que estão promovendo ou ajudando a manter as crianças em situação de exposição, situação de risco", afirmou Luiz Fabiano Pereira, procurador do trabalho e emprego/SE.
 

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